O tratamento cirúrgico envolve uma redução da fratura e fixação com algum tipo de dispositivo interno (RAFI). Existem diferentes opções de implantes que podem ser utilizados para a fixação das fraturas do úmero, sendo as placas / parafusos e as hastes intra-medulares os métodos mais comuns. Cada tipo de dispositivo apresenta vantagens e desvantagens, e alguns tem melhor indicação para tipos específicos de fratura. A escolha irá variar de acordo com a preferência e experiencia de cada cirurgião.

ANTES DA CIRURGIA

A cirurgia deve ser realizada em centro cirúrgico bem estruturado, dentro de um hospital com recursos adequados para garantir a segurança operatória e anestésica. Ainda no quarto, após a visita pré-operatória do cirurgião e anestesista, o paciente normalmente recebe uma medicação pré-anestésica para reduzir o estresse e ansiedade antes de ir ao centro-cirúrgico. Chegando lá, é transferido para a uma maca especial cirúrgica, sendo então iniciada a anestesia, que inclui normalmente com um bloqueio anestésico periférico para eliminar a dor e a sensibilidade no local que será operado. Habitualmente é associada uma anestesia geral com quantidade reduzida de anestésico, o que aumenta o conforto e segurança durante o procedimento, sem os efeitos colaterais mais frequentes de uma geral exclusiva, como mal-estar e náuseas.

FRATURAS DIAFISÁRIAS DO ÚMERO – RAFI

A redução pode ser feita diretamente, com abertura e manipulação dos fragmentos, ou indiretamente, apenas com a manipulação do braço. É necessário muito cuidado na exposição e fixação das fraturas de úmero, já que importantes estruturas neurológicas e vasculares passam próximas e cruzam os acessos cirúrgicos.

A fixação com placas e parafusos pode ser feita com um acesso cirúrgico mais amplo e manipulação direta da fratura. Tem as vantagens de permitir um maior controle na redução dos fragmentos e a identificação direta e proteção de estruturas nobres como artérias e nervos.  Existem diferentes tipos de sistemas de  placas e parafusos, sendo que a estabilidade e rigidez da fixação pode ser aumentada nos modelos em que os parafusos se fixam também à placa além do osso. Existe a possibilidade de realizar a fixação com placa através de um acesso em ponte, sem abertura direta dos fragmentos. Tem a vantagem de maior preservação da vascularização na região, mas pode haver maior dificuldade técnica e riscos dependendo da situação. A escolha vai depender do tipo de fratura e experiência do cirurgião.

As fixações com haste utilizam um implante que se assemelha a um cano metálico que entra pela parte interna oca do osso, que chamamos de canal intra-medular. As fixações com haste normalmente são realizadas sem a manipulação direta no foco da fratura, com suas vantagens e desvantagens. Deve-se ter muito cuidado quando houver qualquer suspeita de que um nervo possa estar cruzando o foco de fratura, para que não ocorra uma lesão. A haste tem um ótimo desempenho mecânico, conferindo bastante estabilidade ao sistema. Por outro lado, tem a desvantagem de necessitar de uma abertura do manguito rotador para sua colocação, com risco de não cicatrização do mesmo.

PÓS-OPERATÓRIO

Pós-operatório imediato:

Normalmente não há necessidade de CTI para o pós-operatório, mas esta é uma decisão a ser individualizada de acordo com as necessitades de cada paciente. A internação é habitualmente por cerca de 24 hs, período em que o paciente fica recebendo medicações na veia, incluindo o antibiótico para prevenção de infecção. Muito raramente a internação se estende além deste prazo.

Alta hospitalar e retorno ao consultório para acompanhamento

No momento da alta, são prescritos analgésicos e orientações gerais para um pós-operatório mais confortável. É natural que o paciente sinta algum desconforto no local da cirurgia, mas se as orientações e medicações forem seguidas corretamente, o manejo da dor pós-operatória não será um problema.  O paciente retorna ao consultório na semana seguinte após a cirurgia, para troca de curativo. Os pontos costuma ser retirados por volta de 2 semanas.

Reabilitação pós-operatória

Com relação às atividades e reabilitação do ombro operado, dividimos o pós-operatório em 3 fases:

Fase 1 (até 1 mês pós cirurgia) –  Dependendo da qualidade óssea, complexidade da fratura e resistência da fixação final, pode ser indicado que o paciente mantenha o braço de repouso durante um período inicial. Nesse caso, o repouso é feito com o uso de uma tipóia na maior parte do tempo, mas se o membro estiver de repouso sobre um apoio, a tipoia pode ser retirada durante alguns períodos do dia. Pode-se usar o membro para atividades cotidianas leves que não movimentem o ombro e de forma cuidadosa, como digitação e alimentação. Geralmente são iniciados exercícios simples para que o paciente faça em casa diariamente. Exercícios para mão, punho e cotovelo são geralmente iniciados precocemente para evitar edema e rigidez. Exercícios para mobilização do ombro serão iniciados assim que o cirurgião julgar seguro, havendo grande variação de acordo com cada fratura, paciente e cirurgião. Se por um lado é desejável iniciar os exercícios precocemente para acelerar o processo de reabilitação, a prioridade deve ser sempre a manutenção da reconstrução realizada na cirurgia. Dessa forma, somente o cirurgião pode dizer quando é seguro iniciar os exercícios e isso deve ser claramente conversado e entendido.

Fase 2 (até completar 3 meses de cirurgia) –  O braço já é liberado para a maioria das atividades cotidianas sem peso, esforço ou movimentos bruscos. Sugerimos o uso da tipoia de forma seletiva, apenas em ambientes com riscos de traumas. Em ambientes controlados, não há necessidade de uso da tipoia. São realizados exercícios e fisioterapia para recuperação de mobilidade e força, de forma cuidadosa e progressiva.

A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação pós-operatória. É normal que você perca um pouco da mobilidade e força no ombro após a cirurgia. Esses sintomas são reversíveis e a fisioterapia irá te ajudar, acelerando a recuperação. O momento certo de iniciar a fisioterapia irá depender do tipo de fratura e fixação, devendo ser individualizada com seu médico.

Fase 3  (após 3 meses de cirurgia) – O paciente progride no processo de fortalecimento e finalização dos últimos graus de movimento. Gradualmente vai retornando a suas atividades profissionais e esportivas. Esportes de impacto ou com movimentos bruscos do ombro devem ser evitados por cerca de 6 meses após a cirurgia.

RESULTADOS

Os resultados da fixação das fraturas da diáfise do úmero são muito satisfatórios. Tem a vantagem de permitir uma reabilitação mais precoce e retorno às atividades cotidianas, profissionais e esportivas. A maioria das pessoas retorna às suas atividades regulares sem restrições dentro de 3 a 5 meses após a lesão, mas cada caso deve ser individualizado de acordo com as característica de cada fratura e paciente.

Complicações não são comuns neste tipo de cirurgia. Todavia, existem  riscos inerentes de qualquer procedimento cirúrgico, como: infecção do sítio da cirurgia, falha na consolidação das fraturas, falha dos implantes de fixação, lesões de nervos e vasos; complicações anestésicas, etc. Para saber detalhadamente todas as possíveis complicações cirúrgicas converse com seu médico antes do procedimento.