A perda da mobilidade do cotovelo, conhecida como rigidez de cotovelo, pode ter diferentes causas, sendo mais frequente como uma sequela após um trauma. A indicação do tratamento deve ser individualizada de acordo com o grau de rigidez e as necessidades funcionais de cada paciente. O tipo de cirurgia a ser realizada vai depender das estruturas articulares envolvidas, mas quase sempre pode ser tratada através da artroscopia, que oferece inúmeras vantagens por ser menos invasiva, diminuindo os riscos e permitindo uma reabilitação pós-operatória mais precoce e eficiente.
O COTOVELO E SUA MOBILIDADE
O cotovelo é formado por três ossos: o úmero, a ulna e o rádio. A cartilagem que reveste a extremidade destes ossos, apresenta uma superfície muito lisa e regular, permitindo um deslizamento sem atrito, o que possibilita a mobilidade da nossa articulação. A cápsula é um tecido fino e elástico que cobre toda a articulação e tem a função de produzir e manter o líquido sinovial.
A articulação do cotovelo apresenta uma ampla mobilidade, tanto nos planos de flexão/extensão quanto de rotação do antebraço (pronação/supinação). Essa movimentação permite que a mão possa alcançar objetos no espaço e realizar diversas tarefas com os membros superiores. A maneira de graduarmos a mobilidade de uma articulação é através da medição de ângulos entre os ossos. O arco de flexão total de um cotovelo normal vai de 0º a 140º em média, apesar de haver alguma variação individual. Já no caso das rotações, os ângulos médios são de 85º para pronação (palma da mão para baixo) e 85º para supinação (palma da mão para cima). Existe um outro conceito prático muito importante quando falamos da mobilidade do cotovelo. O arco funcional é definido como uma amplitude de movimentos que, apesar de não ser completo, nos permite realizar praticamente todas as atividades necessárias para uma vida cotidiana sem restrições. O arco funcional de cotovelo é de 30º de extensão, 130º de flexão, 50º de pronação e 50º de supinação. Este conceito é muito importante, pois em algumas situações, especialmente nas lesões mais graves, pode não ser possível uma recuperação completa dos movimentos, sem que isto tenha uma repercussão clínica e funcional significativa.
COMO OCORRE A PERDA DA MOBILIDADE DO COTOVELO?
Algumas doenças podem restringir a mobilidade articular do cotovelo, limitando a função do membro superior e comprometendo a qualidade de vida dos pacientes. A principal causa para a rigidez é a sequela pós-traumática. Neste cenário, diferentes fatores podem contribuir para a perda da mobilidade do cotovelo. A cápsula articular, que normalmente é fina e elástica, se torna extremamente espessa e perde sua elasticidade natural. Isso ocorre pela falta de movimento e também pela formação excessiva de colágeno no local, através de uma intensa reação inflamatória deflagrada pelo trauma. Por um mecanismo semelhante, podem se formar ossificações ao redor da articulação, bloqueando movimento. Além disso, irregularidades na cartilagem, perda do encaixe articular, desalinhamento entre fragmentos de uma fratura ou impacto com eventuais implantes cirúrgicos também podem clevar a esta perda de movimento. Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da rigidez do cotovelo, incluindo fatores genéticos, energia do trauma e tempo de imobilização.
Além das causas pós-traumáticas, a rigidez do cotovelo pode se estabelecer em doenças degenerativas ou inflamatórias, como artrose ou artrite reumatóide por exemplo. Nestes casos, a destruição da cartilagem, as deformidades da superfície articular e a formação de osteófitos (esporões) são os principais responsáveis pela restrição da mobilidade.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS?
A apresentação clínica dos pacientes com rigidez articular é muito variável. A restrição de movimento pode ser muito severa, dificultando ou impedindo até mesmo atividades simples do cotidiano, como alimentação e higiene pessoal. Por outro lado, alguns pacientes podem apresentar uma discreta perda de movimento sem nenhum impacto em suas funções diárias. Ainda assim, dependendo das atividades profissionais e recreativas exercidas pelo paciente, mesmo restrições leves podem causar dificuldades. Por isso, o tratamento deve ser individualizado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente e grau de adaptação que tenham conseguido.
Além da perda de movimento em si, é importante avaliar a presença de dor associada, podendo influenciar tanto para indicação da cirurgia quanto para definição do melhor tipo de procedimento. A função dos nervos e dos músculos que promovem a movimentação ativa do cotovelo também são imprescindíveis para o planejar o melhor tratamento.
QUAIS EXAMES PODEM AJUDAR?
Os principais exames de imagem na rigidez do cotovelo são as radiografias e a tomografia computadorizada. Os objetivos principais desses exames são a avaliação de:
- Uma adequada relação entre os diferentes ossos da articulação.
- Presença de sequelas de fraturas, com desalinhamento dos fragmentos.
- Presença de implantes de cirurgias prévias bloqueando o movimento articular.
- Presença de deformidade da superfície articular.
- Presença de diminuição do espaço ocupado pela cartilagem articular.
- Presença de osteófitos (esporões) ou ossificações ao redor da articulação.
A ressonância magnética dificilmente irá acrescentar informações que interfiram na indicação ou planejamento cirúrgico, com raras exceções.
Na suspeita de uma lesão neurológica, a eletroneuromiografia pode ser útil para confirmação diagnóstica e documentação.
QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA O MEU CASO?
O tratamento da rigidez articular vai depender da gravidade da restrição e estruturas envolvidas, além das necessidades funcionais do paciente.
Atualmente, a grande maioria dos pacientes com rigidez de cotovelo podem ser tratados com liberação artroscópica, que tem a vantagem de ser uma cirurgia pouco invasiva e ao mesmo tempo permitir a abordagem de todas as regiões da articulação, contribuindo para a eficácia do procedimento e permitindo uma reabilitação precoce.
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