Dores na região da escápula podem fazer parte de um quadro generalizado e sistêmico, como a fibromialgia. Quando isoladas, geralmente estão associadas à uma movimentação errada da escápula que chamamos de discinesia escapular. Aderências e contraturas de alguns músculos, assim como fraqueza de outros, pode contribuir para o quadro. Eventualmente pode haver o atrito entre a escápula e as costelas, causando dor e crepitações. O tratamento deste quadro é normalmente conservador e depende de uma fisioterapia especializada. Eventualmente podem ser feitas infiltrações e raramente cirurgia.

A escápula alada ocorre devido à disfunção de algum nervo e seu respectivo músculo, responsável por manter a escápula junto ao tórax. A lesão mais frequente é a do nervo torácico longo, que inerva o serrátil anterior. Essas lesões podem ter relação com trauma, doença infecciosa sistêmica ou também podem ser idiopáticas. O tratamento quase sempre é conservador e a tendencia é de resolução completa do quadro após alguns meses.

AS DORES NA REGIÃO DA ESCÁPULA

As dores ao redor da escápula são queixas relativamente frequentes. Podem ser isoladas ou fazer parte de uma quadro mais generalizado que inclui sintomas na região do pescoço, ombro, braço e todo o membro superior.
Diferentes causas podem levar à dor peri-escapular (ao redor da escápula). Nos quadros mais generalizados é importante pensar em doenças sistêmicas, como a fibromialgia ou dores causadas por uso de medicações como alguns antibióticos ou remédios para colesterol, por exemplo. Também é importante pensar em contraturas musculares, que podem ser causadas por problemas de postura e posição na atividade profissional e na prática esportiva. Problemas da coluna cervical e dorsal também podem gerar quadros de dor nessa região.

DISCINESIA ESCAPULAR E ATRITO ESCÁPULO-TORÁCICO

Pensando em problemas da região da escápula propriamente dita, uma das causas mais comuns é o atrito entre a escápula e as costelas na parte de trás do tórax. Isso pode ocorrer por um movimento errado da escápula, que chamamos de discinesia escapular. Apesar de incomum, eventualmente também podemos ter alguma tumoração ou deformidade óssea alterando a anatomia da região.

A discinesia escapular pode aparecer após um trauma, quadro doloroso, período de imobilização ou como vicio adquirido durante a prática de alguma atividade. É como se a musculatura da escápula se esquecesse de como deve agir corretamente, levando a um erro na movimentação. Um conjunto de alterações anatômicas podem contribuir para a discinesia, incluindo a contratura de algumas estruturas (como o peitoral maior na frente do ombro) e a fraqueza de outros músculos da escápula (como a porção inferior do trapézio e o serrátil anterior).

O diagnóstico da discinesia é basicamente clínico, já que não existem exames complementares específicos para esse quadro. Não é um diagnóstico simples e requer experiencia do médico ou fisioterapeuta que estão avaliando. Se baseia na avaliação de uma assimetria na movimentação da escápula.

Os exames complementares ajudam principalmente na investigação de uma suspeita de estrutura anatômica causando atrito entre a escápula e as costelas. Radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem fazer parte desta avaliação.

Na discinesia escapular, o tratamento é basicamente conservador e consiste na realização de fisioterapia. Não é um tratamento fisioterápico básico e recomenda-se tratar com um fisioterapeuta experiente. Baseia-se no equilíbrio dinâmico da mobilidade escapular, soltando onde está muito presa e estimulando o fortalecimento da musculatura deficiente. Este tratamento não é simples e nem rápido, exigindo paciência e comprometimento por parte do paciente. No entanto, o resultado costuma ser muito satisfatório quando o tratamento é bem conduzido.

Na síndrome de atrito escápulo-toracico, na maioria das vezes o tratamento é conservador. Medicações como anti-inflamatórios e relaxante muscular podem ajudar, assim como o tratamento de causas associadas como a discinesia escapular. Quando o quadro está muito resistente, uma infiltração na região da bursa por contribuir para acelerar a melhora. Raramente existe indicação de tratamento cirúrgico, seja quando existe uma tumoração no local ou quando o paciente não responde aos métodos anteriores. Dependendo das alterações anatômicas e experiência do cirurgião, o procedimento poderá ser feito por via artroscópica ou aberta.

ESCÁPULA ALADA

Em algumas situações, o paciente pode apresentar um quadro mais exuberante, com uma alteração bem grosseira da posição da escápula em relação ao tórax. Esses casos são causados normalmente por uma alteração anatômica mais clara, como uma lesão muscular ou perda da inervação da musculatura. A escápula alada clássica, que é a situação mais comum, ocorre por uma disfunção do nervo torácico longo, que é responsável pela inervação do musculo serrátil anterior. Essa alteração da inervação pode ocorrer após um trauma, mas também pode ser idiopática ou estar relacionada com uma virose ou vacinação. Existem outras causas raras, como por exemplo as lesões musculares pós trauma ou lesão do nervo espinhal acessório, responsável pela inervação do musculo trapézio.
A eletroneuromiografia pode ser útil na comprovação de uma disfunção neurólogica, assim como na avaliação da gravidade da lesão e documentação de sua evolução.

De forma geral, nas disfunções neurológicas sem secção dos nervos (maioria dos casos), o prognóstico é bom e a tendencia é a recuperação completa após alguns meses. Não existe um tratamento específico que comprovadamente altere o curso da doença, mas algumas medicações poderiam, em teoria, estimular e acelerar esse processo. A fisioterapia também pode ajudar a prevenir uma perda maior de movimento e estimular a recuperação funcional. As raras lesões estruturais, seja de musculatura ou nervo, o tratamento é mais complexo e pode envolver a necessidade de cirurgia.