Os nervos funcionam como os cabos de rede que levam a internet para nossas casas. Os nervos levam sinais elétricos gerados no cérebro até o seu destino, nos músculos, dando assim o comando para gerar movimento. E de forma inversa, transmitem da periferia para o cérebro os sinais gerados pelo tato, propriocepção, dor, etc.  Toda nossa comunicação e interação com o mundo depende dos nervos.

Os nervos são frágeis e podem ser danificados por pressão, alongamento ou corte. A lesão de um nervo pode interromper os sinais de e para o cérebro, fazendo com que os músculos não funcionem adequadamente ou exista uma perda de sensibilidade na área lesionada. As síndromes compressivas ocorrem quando os nervos ficam comprimido entre estruturas rígidas. As neuropatias também podem ocorrer por outros motivos além da compressão, como estiramentos, traumas locais, formação de aderências ou causas sistêmicas como o Diabetes ou a Hanseníase.

Existem três nervos principais que cruzam a articulação do cotovelo: o nervo ulnar, o nervo radial e o nervo mediano. A neuropatia do ulnar é sem dúvida a mais comum no cotovelo. O acometimento do nervo interósseo posterior, que é um dos ramos do nervo radial, também faz parte de nossos diagnósticos diferenciais com relativa frequência. As neuropatias do mediano são bem menos frequentes na região do cotovelo.

 

NERVO ULNAR

O nervo ulnar se origina do fascículo medial no plexo braquial na região do pescoço e viaja por todo o membro superior até a mão. Apesar de existirem diferentes pontos onde o nervo pode ser comprimido durante este trajeto, o local mais comum para sua compressão é o túnel cubital, ou seja, atrás da parte interna do cotovelo. Nessa região, o nervo passa justo por um túnel apertado formado por estruturas ósseas e um ligamento rígido. A compressão do nervo ulnar no cotovelo é chamada de síndrome do túnel cubital.

Dormência e formigamento na mão e nos dedos são sintomas comuns da síndrome do túnel cubital. Essas alterações de sensibilidade ocorrem no dedo anelar e dedo mínimo. Nos casos mais avançados ocorre comprometimento da força e atrofia da musculatura intrínseca da mão.

Quando os sintomas forem somente de sensibilidade, na maioria dos casos, o quadro pode ser controlado com tratamentos não cirúrgicos, como mudanças nas atividades e órteses. Se os sintomas persistirem apesar do tratamento conservador, poderá ser indicado o tratamento cirúrgico. Quando o paciente apresentar sintomas motores como fraqueza e atrofia, a recomendação é realizar o tratamento cirúrgico de imediato para evitar a progressão, já que que as alterações motoras têm menor chance de recuperação.

Na cirurgia poderá ser recomendada apenas a liberação do nervo ou poderá ser associada uma transposição, ou seja, mudar o nervo de lugar para um ponto onde fique menos suscetível à compressão.

PROCEDIMENTO

  • Neurólise e transposição anterior do ulnar *

 

NERVO INTERÓSSEO POSTERIOR (SÍNDROME DO TÚNEL RADIAL)

O nervo radial se origina do fascículo posterior do plexo braquial na região do pescoço e viaja por todo o membro superior até a mão. Logo após passar pela articulação do cotovelo, o nervo se divide em dois ramos: um sensitivo e um motor. Este último, chamado de nervo interósseo posterior, passa por baixo de um arco formado pelo músculo supinador, ponto que chamamos de arcada de Frohse. Justamente neste ponto, o nervo pode sofrer uma compressão, que é chamada de síndrome do túnel radial. Curiosamente, apesar do nervo ter apenas função motora, os sintomas desta síndrome envolvem apenas por, sem a presença de sintomas motores. É um dos principais diagnósticos diferenciais da epicondilite lateral do cotovelo, patologia extremamente frequente.

Em teoria, a localização da dor na síndrome na síndrome do túnel radial é mais distal e anterior do que na epicondilite lateral. Outro teste que fala a favor deste diagnóstico é realizar a supinação do antebraço contra resistência, pois a contração do músculo supinador iria apertar mais o nervo comprometido. Por outro lado, tudo isso também pode ser explicado considerando o diagnóstico da epicondilite. Não existe exame complementar que possa dizer com certeza a presença deste diagnóstico. A boa notícia, é que independente do diagnóstico, ambos respondem bem ao tratamento conservador na maioria dos casos. Esse tratamento envolve principalmente repouso e medidas anti-inflamatórias locais e sistêmicas.

Na falha do tratamento conservador, o tratamento cirúrgico está indicado para liberação do nervo. Em muitas situações, pode permanecer a dúvida entre os diagnósticos de epicondilite lateral e a síndrome do túnel radial. Nestas situações, o melhor é abordar as duas patologias durante a cirurgia, para evitar que a cirurgia não atinja o resultado esperado.