A clavícula é o osso que fica ao lado do pescoço, ligando o ombro ao esterno, no centro do tórax. Esse tipo de fratura é relativamente comum, representando cerca de 4% de todas as fraturas. Pode ocorrer em todas as idades, apesar de ser mais frequente em crianças e adultos jovens, após um acidente ou queda em velocidade.  Atualmente, recomenda-se a cirurgia para a maioria das fraturas com desvio, pois foram demonstrados resultados superiores nesta situação. Em fraturas sem desvio ou pacientes idosos e com baixa demanda física, o tratamento sem cirurgia representa uma boa opção.

A CLAVÍCULA

A clavícula é o osso que liga o braço ao corpo, estando localizada entre o esterno e a escápula. É o osso que liga o braço ao tronco. A clavícula fica acima de vários nervos e vasos sanguíneos importantes.

QUAIS SÃO OS MECANISMOS MAIS COMUNS DE UMA FRATURA DA CLAVÍCULA?

As fraturas da clavícula podem ocorrer devido a um trauma direto, como pode acontecer durante uma queda sobre ombro ou um acidente, como uma colisão de carro. Um trauma indireto, como uma queda sobre o braço também pode causar uma fratura da clavícula. Em um bebê, uma fratura da clavícula pode ocorrer durante a passagem pelo canal do parto.

Esse tipo de fratura é relativamente comum, representando cerca de 4% de todas as fraturas, e pode acometer pessoas de todas as idades. A maioria das fraturas de clavícula ocorre no meio do osso, que chamamos de região diafisária, mas também pode ocorrer na região medial (próxima ao esterno) ou lateral (próxima ao acrômio). A fratura pode ser simples ou quebrar em muitos pedaços (fratura cominutiva). Os pedaços quebrados de osso podem ficar alinhados ou desviar-se.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS?

Os principais sintomas são dor, dificuldade de movimentação do braço, crepitações à movimentação e uma deformidade no local, dependendo do desvio da fratura. Eventualmente poderá haver uma ponta de osso fazendo pressão sob a pele ou presença de equimose no local (mancha roxa sob a pele).

QUAIS EXAMES PODEM AJUDAR?

As radiografias são exames básicos na suspeita de fraturas da clavícula e normalmente já são suficientes para a identificação da fratura. Nas radiografias, o ortopedista também irá identificar a região da clavícula que foi fraturada, a presença de cominuição (número de fragmentos) e grau de desvio da fratura.

Se permanecerem dúvidas sobre algum destes aspectos, especialmente quando a fratura acometer as extremidades da clavícula, a tomografia computadorizada  auxilia bastante no diagnóstico, dando mais detalhes acerca da anatomia e posição dos fragmentos.

QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA O MEU CASO?

Estudos científicos recentes mostraram que nas fraturas com desvio significativo, os melhores resultados são alcançados com o tratamento cirúrgico. A cirurgia normalmente envolve uma redução aberta da fratura (colocar os pedaços quebrados de osso de volta na posição através de uma incisão no local) e fixação interna com algum tipo de dispositivo. Existem diferentes tipos de implantes de fixação, sendo as placas e parafusos os mais frequentemente utilizados.

Por outro lado, na maioria das vezes a indicação cirúrgica não é absoluta e depende também de vários fatores, incluindo a idade, grau de atividade e doenças associadas. Existem situações incomuns em que a indicação cirúrgica é absoluta, como no caso das fraturas expostas ou quando existe lesão associada de algum vaso sanguíneo importante.

Independente do método de tratamento escolhido, o controle da dor é primeiro passo para trazer mais conforto ao paciente. Medicações são utilizadas para o alívio dos sintomas, o que é muito individual. Dessa forma, a quantidade de analgésicos e duração do tratamento medicamentoso deve ser feita de acordo com a necessidade do paciente. De forma geral, quanto menos remédio for necessário, melhor. O uso de compressas de gelo sobre o local da fratura também auxilia muito no controle da dor pós-operatória.

O tratamento não cirúrgico envolve principalmente um período de repouso do braço para evitar de ocorra desvio adicional enquanto ocorre uma consolidação de forma natural. Este repouso normalmente é feito com o braço na tipóia. Existem imobilizações que visam melhorar a posição da fratura, mas muitas vezes não são bem toleradas e não há evidências de que realmente mudam o resultado.

O período de consolidação é variável, mas normalmente leva cerca de 03 meses para haver uma consolidação completa. Este é um processo gradual e contínuo, de forma que antes disso, já temos uma estabilidade na fratura o suficiente para iniciar alguns exercícios de reabilitação.

A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação após a consolidação. Devido ao período de imobilização e repouso, é comum que o paciente desenvolva um pouco de atrofia da musculatura e restrição de movimentos. Estes efeitos normalmente são reversíveis e uma boa fisioterapia certamente contribui para uma reabilitação mais rápida e eficiente.

É possível que durante o acompanhamento a fratura venha e deslocar-se mais, mudando a indicação do tratamento . Por esse motivo, há necessidade de avaliação de novas radiografias periodicamente, de acordo com avaliação do seu ortopedista.

É possível também que a fratura não consolide e desenvolva o que chamamos de pseudoartrose. A pseudoartrose nem sempre é sintomática e em algumas situações o paciente pode conviver normalmente dessa forma, especialmente se for um indivíduo mais idoso e com pouca atividade. No entanto, na maioria das vezes a pseudoartrose irá causar dor e incômodo, sendo necessário o tratamento cirúrgico para sua correção. O tratamento cirúrgico neste caso é um pouco mais complexo do que na fratura aguda, pois ocorre fibrose e calosidade óssea no local, dificultando os parâmetros anatômicos para o correto posicionamento do osso. Além disso, normalmente há necessidade de enxertia óssea para estimular a consolidação. Dito isso, quando realizada por médico experiente e de forma criteriosa, os resultados cirúrgicos da pseudoartrose são bastante satisfatórios.

As fraturas também podem consolidar com encurtamento ou desvio. Normalmente não há repercussão clínica, mas se o desvio for demasiado, pode causar dor e fadiga na musculatura da escápula. No caso de uma consolidação viciosa com sintomas, pode-se fazer um reposicionamento cirúrgico da clavícula. O procedimento não é simples, mas se for realizado por um cirurgião experiente, geralmente tem bons resultados.

PROCEDIMENTOS

  • Tratamento cirúrgico da fratura de clavícula *