O capsulite adesiva, também conhecida como ombro congelado, é uma doença que causa dor e perda da mobilidade do ombro, aparentemente sem uma causa ou motivo evidente. O mecanismo da capsulite adesiva ainda não é completamente estabelecido, mas existem alguns fatores de risco conhecidos, como o Diabetes e outras doenças metabólicas, além de cirurgias próximas ao ombro. A evolução da doença é bastante lenta, mas tende a melhorar independente do tratamento realizado. O tratamento adequado ajuda a acelerar a evolução da doença e dar mais conforto ao paciente. Diferentes tipos de medicações podem ajudar no controle da dor e a fisioterapia ajuda a acelerar o ganho de movimento. A liberação artroscópica normalmente não é imprescindível, mas pode ser indicada quando o quadro estiver muito resistente ou quando o paciente desejar uma recuperação mais rápida da mobilidade.

O QUE É A CAPSULITE ADESIVA?

A cápsula articular é um tecido que envolve a articulação e tem a função produzir e reter o líquido sinovial, que é uma espécie de lubrificante para facilitar a movimentação. Essa estrutura também é rica em terminais nervosos responsáveis pela propriocepção e sensação de dor. A cápsula do ombro é naturalmente um tecido fino e elástico, possibilitando um amplo arco de movimento.

Na capsulite adesiva, também conhecida como ombro congelado, a cápsula se torna inflamada, espessa e sem elasticidade, levando ao quadro de dor e perda da mobilidade do ombro.

FIGURA: Ilustração mostrando a cápsula articular do ombro (N) e com capsulite adesiva (C).

COMO OCORRE CAPSULITE ADESIVA E QUEM ESTÁ MAIS SUSCETÍVEL?

As causas e mecanismos da capsulite adesiva ainda não são completamente compreendidos. Apesar de existirem fatores de risco bem estabelecidos associados à doença, não se sabe exatamente de que forma o processo se desenvolve.

Tipicamente a doença acomete pessoas entre 40 e 60 anos, sendo mais comum em mulheres. Não existe relação com o tipo de profissão ou atividade realizada pelo paciente. Existe risco aumentado em indivíduos portadores de diabetes, hipotireoidismo, câncer de mama e submetidos a algum procedimento cirúrgico no ombro ou região próxima, como em cirurgias cardíacas e de mama. Na maioria dos pacientes, os quadros de capsulite são precedidos por períodos de estresse emocional ou ansiedade.

É muito raro que o paciente tenha capsulite adesiva mais de uma vez no mesmo ombro, mas o desenvolvimento da doença no outro ombro é relativamente comum.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS?

Os principais sintomas presentes na capsulite adesiva são a dor e a perda da mobilidade ativa e passiva do ombro. Um achado muito característico da capsulite adesiva é justamente a deflagração de dor quando o paciente ultrapassa um certo limite de movimento. É como se nesse momento estirássemos um tecido inflamado, gerando dor.  Algumas vezes o quadro pode ser muito clássico e exuberante, mas também podemos encontrar casos mais brandos e com características menos clássicas.  A localização da dor é inconstante, mas frequentemente é espalhada pela região do ombro, podendo irradiar também para todo o membro superior.

FIGURA: Ilustração mostrando um indivíduo com mobilidade de um ombro normal (N) e com capsulite adesiva (C). A perda de mobilidade pode ser global ou ter predominância por algum movimento específico: elevação (ELEV), rotação externa (EXT) ou rotação interna (INT).

Classicamente, a evolução clínica da capsulite adesiva pode ser dividida em 3 fases, apesar de haver grande variabilidade de apresentações no que diz respeito à intensidade, duração e sobreposição entre as fases.

Fase 1: Inflamatória. Presença de dor intensa.

Fase 2: Congelamento: Restrição marcante de movimentos.

Fase 3: Descongelamento: O ombro vai recuperando progressivamente sua mobilidade.

A capsulite adesiva tende a ser autolimitada, ou seja, o paciente acaba melhorando do quadro mesmo que nenhum tratamento seja realizado.

A evolução da doença é normalmente bastante lenta, podendo ter uma duração de até 3 anos. O tratamento adequado acelera o processo de recuperação e ajuda o paciente a tolerar melhor os sintomas nas diferentes fases da doença.

QUAIS EXAMES PODEM AJUDAR?

O diagnóstico da capsulite adesiva  se baseia principalmente na história, descrição dos sintomas e exame físico do ombro. Normalmente não há necessidade de exames complementares para confirmar o diagnóstico da capsulite adesiva, mas estes são úteis principalmente para excluir outros diagnósticos diferenciais ou condições associadas. As radiografias simples ajuda principalmente na avaliação de alterações ósseas, como a artrose, ou na avaliação de depósitos de cálcio nos tendões. A ressonância magnética permite avaliar lesões de partes moles associadas quando houver alguma suspeita, como uma lesão do manguito rotador por exemplo.

QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA O MEU CASO?

Existem inúmeras opções de remédios que podem ajudar a aliviar a dor na capsulite adesiva, especialmente na primeira fase mais dolorosa da doença. Anti-inflamatórios (corticóides ou não hormonais), analgésicos comuns e opióides são alternativas a serem utilizadas de acordo com os sintomas. Além disso, alguns remédios utilizados para dor neuropática, como a pregabalina e alguns antedepressivos, são úteis no manejos das dores crônicas e tem auxiliado muito no controle álgico da capsulite adesiva.

As infiltrações intra-articulares com corticóide são alternativas que ajudam no controle dos sintomas em casos mais graves e resistentes ao tratamento apenas com medicação via oral.

A fisioterapia tem importante papel no tratamento da capsulite adesiva, especialmente acelerando a reabilitação na fase de congelamento. Essa é a grande contribuição da fisioterapia no ombro congelado, pois as manipulações realmente ajudam a aumentar a amplitude de movimentos, quando administradas no momento adequado. Métodos analgésicos também podem auxiliar no controle da dor na fase inflamatória, mas deve-se ter cuidado para não forçar nenhum movimento ou realizar manipulações dolorosas neste momento, já que podem retroalimentar o processo inflamatório, piorando a dor e retardando a passagem para a segunda fase.

Na capsulite adesiva, normalmente não é necessário o tratamento cirúrgico para melhora completa do quadro. Por outro lado, a artroscopia é um método útil para acelerar a evolução da doença, podendo ser indicado para casos de evolução mais lenta ou quando o paciente acredita que se beneficiará com o encurtamento do tempo da doença. Quando existe indicação cirúrgica na capsulite adesiva, a artroscopia do ombro é o método recomendado para liberação da capsula articular espessada.

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