ANTES DA CIRURGIA

A cirurgia deve ser realizada em centro cirúrgico bem estruturado, dentro de um hospital com recursos adequados para garantir a segurança operatória e anestésica. Ainda no quarto, após a visita pré-operatória do cirurgião e anestesista, o paciente normalmente recebe uma medicação pré-anestésica para reduzir o estresse e ansiedade antes de ir ao centro-cirúrgico. Chegando lá, é transferido para a uma maca especial cirúrgica, sendo então iniciada a anestesia, que inclui normalmente com um bloqueio anestésico periférico para eliminar a dor e a sensibilidade no local que será operado. Habitualmente é associada uma anestesia geral com quantidade reduzida de anestésico, o que aumenta o conforto e segurança durante o procedimento, sem os efeitos colaterais mais frequentes de uma geral exclusiva, como mal-estar e náuseas.

FRATURAS DA ESCÁPULA – RAFI

Pode ser realizada uma grande incisão na parte de trás do ombro, ou múltiplas incisões menores. Durante esta operação, os fragmentos ósseos são reposicionados (reduzidos) em seu alinhamento normal e, em seguida, mantidos juntos pela fixação com placas de metal e parafusos especiais. Podem ser necessárias 2 ou 3 placas, dependendo da complexidade da fratura. A cirurgias de fixação das fraturas da escápula normalmente não são simples e o ideal é que sejam executadas por profissionais especializados e com experiencia.

FRATURAS DO REBORDO ANTERIOR DA GLENÓIDE – ARTROSCOPIA

Quando as fraturas acometem fragmentos relativamente pequenos da borda da glenóide, acabam sendo funcionalmente muito semelhantes às lesões do labrum que são as lesões essenciais na instabilidade do ombro. Nestas situações, pode-se realizar a fixação labral associada ao fragmento ósseo por via artroscópica com a utilização de âncoras. Para fragmentos maiores do rebordo, recomenda-se realizar a fixação apenas com parafusos.  É possível realizar esta fixação por via artroscópica, apesar de ser um procedimento tecnicamente mais exigente e só deve ser realizado por um cirurgião com grande experiencia em artroscopia do ombro.

PÓS-OPERATÓRIO

Pós-operatório imediato:

Normalmente não há necessidade de CTI para o pós-operatório, mas esta é uma decisão a ser individualizada de acordo com as necessitades de cada paciente. A internação é habitualmente por cerca de 24 hs, período em que o paciente fica recebendo medicações na veia, incluindo o antibiótico para prevenção de infecção. Muito raramente a internação se estende além deste prazo.

Alta hospitalar e retorno ao consultório para acompanhamento

No momento da alta, são prescritos analgésicos e orientações gerais para um pós-operatório mais confortável. É natural que o paciente sinta algum desconforto no local da cirurgia, mas se as orientações e medicações forem seguidas corretamente, o manejo da dor pós-operatória não será um problema.  O paciente retorna ao consultório na semana seguinte após a cirurgia, para troca de curativo. Os pontos costuma ser retirados por volta de 2 semanas.

Reabilitação pós-operatória

Com relação às atividades e reabilitação do ombro operado, dividimos o pós-operatório em 3 fases:

Fase 1 (até 1 mês pós cirurgia) – Dependendo da qualidade óssea, complexidade da fratura e resistência da fixação final, pode ser indicado que o paciente mantenha o braço de repouso durante um período inicial. Nesse caso, o repouso é feito com o uso de uma tipóia na maior parte do tempo, mas se o membro estiver de repouso sobre um apoio, a tipoia pode ser retirada durante alguns períodos do dia. Pode-se usar o membro para atividades cotidianas leves que não movimentem o ombro e de forma cuidadosa, como digitação e alimentação. Geralmente são iniciados exercícios simples para que o paciente faça em casa diariamente. Exercícios para mão, punho e cotovelo são geralmente iniciados precocemente para evitar edema e rigidez. Exercícios para mobilização do ombro serão iniciados assim que o cirurgião julgar seguro, havendo grande variação de acordo com cada fratura, paciente e cirurgião. Se por um lado é desejável iniciar os exercícios precocemente para acelerar o processo de reabilitação, a prioridade deve ser sempre a manutenção da reconstrução realizada na cirurgia. Dessa forma, somente o cirurgião pode dizer quando é seguro iniciar os exercícios e isso deve ser claramente conversado e entendido.

Fase 2 (até completar 3 meses de cirurgia) –  O braço já é liberado para a maioria das atividades cotidianas sem peso, esforço ou movimentos bruscos. Sugerimos o uso da tipoia de forma seletiva, apenas em ambientes com riscos de traumas. Em ambientes controlados, não há necessidade de uso da tipoia. São realizados exercícios e fisioterapia para recuperação de mobilidade e força, de forma cuidadosa e progressiva.

A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação pós-operatória. É normal que você perca um pouco da mobilidade e força no ombro após a cirurgia. Esses sintomas são reversíveis e a fisioterapia irá te ajudar, acelerando a recuperação. O momento certo de iniciar a fisioterapia irá depender do tipo de fratura e fixação, devendo ser individualizada com seu médico.

Fase 3  (após 3 meses de cirurgia) – O paciente progride no processo de fortalecimento e finalização dos últimos graus de movimento. Gradualmente vai retornando a suas atividades profissionais e esportivas. Esportes de impacto ou com movimentos bruscos do ombro devem ser evitados por cerca de 6 meses após a cirurgia.

RESULTADOS

Os resultados dos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico das fraturas da escápula vai depender bastante da gravidade da fratura. Na fixação de fraturas menos complexas, especialmente com traços simples acometendo o rebordo da escápula, os resultados costumam ser muito satisfatórios. Por outro lado, existem fraturas extremamente graves e que por melhor que seja realizada a cirurgia, o resultado pode não ser 100% satisfatório.

As fraturas cominutivas da escápula são lesões graves e de difícil abordagem cirúrgica. Complicações não são raras neste tipo de cirurgia, mas variam bastante de acordo com a gravidade da fratura. Incluem infecção do sítio da cirurgia, falha na consolidação das fraturas, falha dos implantes de fixação, lesões de nervos e vasos; complicações anestésicas, etc. Para saber detalhadamente todas as possíveis complicações cirúrgicas converse com seu médico antes do procedimento.