A articulação acrômio-clavicular é a comunicação entre o a clavícula e a escápula. A clavícula ajuda a sustentar o peso do braço através de um resistente complexo de ligamentos. A luxação acrômio-clavicular é a perda do encaixe entre esses dois ossos, sendo relativamente comum após uma queda sobre o ombro. São classificadas de acordo com a gravidade, variando entre 1 e 6, de acordo com as lesões ligamentares e músculo-tendíneas. Nas lesões mais graves (4, 5 e 6), normalmente é indicado o tratamento cirúrgico. Nas lesões mais leves, tipo 1 e 2, normalmente o tratamento recomendado é o conservador. O tipo 3 é controverso, existindo uma tendencia de tratamento cirúrgico para os mais jovens e ativos.
ARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
A articulação acrômio clavicular (AC) está localizada na parte superior do ombro, onde a clavícula se encontra com o acrômio, que faz parte da escápula. Esta é uma articulação extremamente firme e sua estabilidade é promovida por um conjunto de ligamentos. Diretamente na região entre a clavícula e o acrômio, estão localizados os ligamentos acrômio-claviculares superior e inferior. Existem outros dois fortes ligamentos ligando a clavícula ao processo coracóide, que também faz parte da escápula. Estes são os ligamentos coraco-claviculares, chamados de conóide e trapezóide. A articulação acrômio-clavicular contribui para a complexa movimentação da cintura escapular, juntamente com as articulações gleno-umeral e esterno-clavicular.
COMO OCORRE A LUXAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR E QUEM ESTÁ MAIS SUSCETÍVEL?
As lesões da articulação crômio-clavicular são relativamente comuns, correspondendo a cerca de 10% das lesões na região do ombro. São mais frequentes em pacientes jovens e ativos, sendo a causa mais comum para a luxação acrômio-clavicular (LAC) é de uma queda diretamente sobre o ombro. A força exercida sobre o ombro para baixo inicialmente é resistida pelos ligamentos, que são tensionados. Se a energia exercida na queda for forte o suficiente, os ligamentos podem ser estirados ou romper, causando desalinhamento entre a clavícula e a escápula. Esta se move para baixo com o peso do braço, criando uma protuberância na região superior do ombro, que é na verdade a ponta da clavícula proeminente.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS?
Os sintomas mais comuns são a dor na região superior do ombro e a deformidade no local. Quanto mais proeminente for a ponta da clavícula, maior a gravidade da lesão. A restrição de movimentos também é outro sintoma comum na fase aguda.
QUAIS EXAMES PODEM AJUDAR?
Além do exame físico, as radiografias são fundamentais para o diagnóstico definitivo. Tradicionalmente, classifica-se a LAC de acordo com a direção do desvio e a distância entre a clavícula e o processo coracóide. Na classificação de Rockwood, os tipos 1 e 2 são mais leves e não necessitam de tratamento cirúrgico. O tipo 3 é controverso, havendo uma tendência de indicar a cirurgia em pacientes mais jovens e ativos. Os tipos 4 e 5 geralmente são de indicação cirúrgica, apesar de ser necessária uma individualização de acordo com as características e necessidades funcionais de cada paciente. O tipo 6 é extremamente raro e na prática tem valor apenas acadêmico.
QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA O MEU CASO?
É importante lembrar que as indicações cirúrgicas baseadas na classificação são orientações gerais para guiar o tratamento. Dessa forma, não são absolutas e devem levar em consideração a idade, demandas funcionais e o perfil do paciente. De forma geral em pacientes mais idosos e com mais baixa demanda tendemos para o tratamento conservador enquanto o cirúrgico é uma tendencia para o mais jovens e ativos.
Tratamento não cirúrgico
O tratamento não cirúrgico inclui o controle da dor e inflamação, seguida de um programa de reabilitação. Normalmente realiza-se uma imobilização temporária com tipoia e medidas analgésicas, como compressas de gelo e medicação anti-inflamatória. No tratamento conservador não é possível reduzir uma LAC, ou seja, se ela estiver deslocada irá permanecer desta forma.
O risco do tratamento conservador, para os pacientes com maior demanda física, é o desenvolvimento de uma movimentação equivocada da escápula, o que chamamos de uma discinesia escapular. Essa condição pode gerar dor crônica e fadiga precoce da musculatura. Além disso, uma eventual proeminência na região superior do ombro irá permanecer.
Se o paciente optou pelo tratamento conservador incialmente e depois ficou insatisfeito com o resultado, também é possível fazer a cirurgia na fase crônica. O tratamento cirúrgico da lesão crônica é mais complexo do que o da lesão aguda, pois exige uma abordagem mais extensa para liberação das fibroses, além de uso de enxerto tendinoso para a reconstrução ligamentar. Dito isso, com um cirurgião experiente e especializado, e uso das técnicas modernas atuais, é possível conseguir excelentes resultados no tratamento cirúrgico das lesões crônicas.
Existe ainda a possibilidade de dor persistente após uma lesão de baixo grau. Isso pode ser consequência de um dano articular ou fratura oculta na extremidade distal da clavícula. Se o paciente tiver uma dor persistente no local, sem a presença de deslocamento ou instabilidade da clavícula, pode-se resolver o problema com um procedimento cirúrgico muito simples por via artroscópica, que é o desbridamento local e ressecção da porção articular degenerada.
PROCEDIMENTOS
- Tratamento artroscópico da luxação acrômio-clavicular *