As duas principais patologias não traumáticas que acometem a região acrômio-clavicular são a artrose desta articulação e a osteólise da extremidade distal da clavícula.  A artrose é um processo degenerativo articular e normalmente vai piorando de gradualmente, apesar de alguns períodos de sintomas mais agudos. O principal sintoma é a presença de dor na região superior do ombro, sobre a ponta da clavícula. O tratamento inicial é com repouso, medicações anti-inflamatórias e outras medidas analgésicas locais, além da fisioterapia. Na falha do tratamento conservador, a artroscopia é uma solução definitiva muito segura e eficaz.

A osteólise da extremidade distal da clavícula é também apelidada de ombro do halterofilista, devido à sua relação causal com a sobrecarga da musculatura do ombro, sobretudo o peitoral maior e a porção anterior do deltoide. Seu mecanismo ainda não foi completamente definido, mas acredita-se que exista uma reação inflamatória na origem desta musculatura se assemelhando a uma reação de fratura de estresse. Apesar de terem causas e mecanismos diferentes, o tratamento segue os mesmos passos da artrose acrômio-clavicular, com tratamento conservador inicialmente e artroscopia na falha desta conduta.

A ARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR

A articulação acrômio clavicular está localizada na parte mais superior do ombro, onde a clavícula de encontra com a escápula. Esta é uma articulação extremamente firme e sua estabilidade é promovida por um complexo de ligamentos unindo os 2 ossos. Diretamente na região entre a clavícla e o acrômio, estão localizados os ligamentos acrômio-claviculares superior e inferior. Existem outros dois fortes ligamentos ligando a clavícula ao processo coracóide, que também faz parte da escápula. Estes são os ligamentos conóide e trapezóide, que juntos formam os ligamentos coraco-claviculares. A articulação acrômio-clavicular contribui para a complexa movimentação da cintura escapular, juntamente com as articulações gleno-umeral e esterno-clavicular.

OSTEÓLISE DA EXTREMIDADE MEDIAL DA CLAVÍCULA

Uma função importante desta região é servir de ponto de inserção para importantes e potentes músculos da cintura escapular: deltóide, peitoral maior e trapézio. Em situações com grande sobrecarga desta musculatura, pode surgir uma reação inflamatória local, especialmente nos três centímetros laterais da clavícula, chamada de osteólise da extremidade lateral da clavícula. O mecanismo desta patologia ainda não é completamente compreendido, havendo teorias de que o processo seria semelhante a uma fratura por estresse.  Existe uma evidente relação com a prática de atividades com elevada demanda física no ombro, especialmente a musculação e levantamento de peso. Tanto que esta doença ganhou o apelido de ombro do halterofilista. Exercícios que sobrecarregam o peitoral maior e a porção anterior do deltóide são os que maior são os mais frequentemente deflagram esse processo.

O principal sintoma é a presença de dor na região superior do ombro, localizada exatamente na região da ponta lateral da clavícula. Os sintomas pioram com o esforço e sobrecarga física no ombro, especialmente em exercícios que forçam o deltóide e peitoral maior. O diagnóstico é baseado especialmente na história e exame físico.

As radiografias podem evidenciar um escurecimento na região lateral da clavícula, mas este é um parâmetro subjetivo  e na maioria das vezes não define o diagnóstico. A ressonância magnética confirma o diagnóstico, mostrando um sinal elevado na ponta da clavícula. Apesar de não ser imprescindível para a definição do diagnóstico, tem utilidade para avaliar lesões associadas.

O tratamento inicial é conservador, que inclui principalmente o repouso relativo, com a interrupção das atividades que sobrecarregam o ombro. Medicação anti-inflamatória e medidas locais, como compressas de gelo, também fazem parte deste tratamento inicial. A fisioterapia nesta fase também pode ajudar, com objetivo principal de promover a analgesia e diminuir o processo inflamatório. Na maioria das vezes, este tratamento leva de 1 a 2 meses para que o paciente fique assintomático e possa retornar a suas atividades esportivas gradualmente.

Caso o tratamento conservador não tenha sucesso, a realização de uma artroscopia é uma opção minimamente invasiva, muito segura e com excelentes resultados.

ARTROSE ACRÔMIO-CLAVICULAR

Na artrose ocorre comprometimento da integridade da cartilagem articular, presença de deformidades ósseas na articulação e formação de esporões ósseos, chamados de osteófitos. A causa da artrose acrômio-clavicular tem normalmente relação com um desgaste natural da idade e do próprio uso.  Atividade excessiva com o ombro ou sobrecarga também podem contribuir para o surgimento desta condição.

A artrose costuma ser mais grave e sintomática nas articulações que suportam peso, como o quadril e o joelho. No entanto, também pode acometer articulações dos membros superiores, com sintomatologia muito variável. A presença de  artrose na  articulação acrômio-clavicular é relativamente comum. Por outro lado, frequentemente ela pode ser pouco sintomática.

Assim como na osteólise distal da clavícula, o principal sintoma é a presença de dor na região superior do ombro, localizada exatamente na sobre a articulação acrômio-clavicular. Os sintomas pioram com a movimentação do ombro, especialmente a elevação e adução, como por exemplo ao tentar tocar o ombro do outro lado. O esforço também pode piorar os sintomas, mas não tem uma correlação tão direta como no caso da osteólise distal da clavícula. O diagnóstico é baseado especialmente na história e exame físico.

As radiografias podem evidenciar a artrose na acrômio-clavicular, especialmente nos casos mais avançados. A ressonância magnética também permite a confirmação das alterações degenerativas na articulação, mas sua principal utilidade é na avaliação de lesões associadas.

Normalmente iniciamos o tratamento de forma conservadora, com  repouso, medicação anti-inflamatória e medidas analgésicas locais. A fisioterapia nesta fase também pode ajudar, com objetivo principal de promover a analgesia e diminuir o processo inflamatório. Caso o paciente não apresente boa resposta, pode ser tentada uma infiltração articular com corticóide. Se os sintomas persistirem, a realização de uma artroscopia é uma opção minimamente invasiva, muito segura e com excelentes resultados.

PROCEDIMENTOS

  • Procedimento de Munford artroscópico *