A infiltração é um termo genérico utilizado na ortopedia, que envolve a aplicação de algum medicamento específico dentro ou ao redor de uma estrutura que se deseja tratar. Dessa forma, conseguimos levar diretamente o remédio até a origem do problema. Isso é feito através de uma agulha introduzida através da pele e uma seringa para a injeção do remédio.   Para ser feita com o máximo de eficácia e segurança, a técnica de injeção requer um conhecimento detalhado da anatomia da região alvo. No cotovelo as infiltrações são comuns no tratamento das epicondilites, artrites e bursite olecraneana. Já na punção, o mesmo procedimento é realizado para retirada de algum tipo de líquido (seroso, hemático ou purulento), acumulado na articulação, cisto ou bursa.

O procedimento de punção ou infiltração pode ser realizado tanto em ambiente hospitalar quanto no consultório do médico, desde que seja garantida uma técnica de limpeza e assepsia rigorosa. No cotovelo, esses procedimentos tradicionalmente sempre foram feitos sem o uso de um equipamento de imagem, já que as estruturas alvo eram relativamente superficiais e de fácil acesso. Atualmente vem crescendo a tendência de realizar tais procedimentos guiados por ultrassonografia para aumentar ainda mais a acurácia do procedimento, mas não sabemos se isso faz alguma diferença prática na eficácia do procedimento. O mais importante é que somente vale a pena esse recurso se utilizado equipamento de proteção estéril adequado para não comprometer a assepsia do procedimento.

Infiltrações com corticóides:

A substância mais frequentemente utilizada nas infiltrações são os corticóides, que tem como objetivo principal diminuir a inflamação de algum tecido ou região. Normalmente são associadas com anestésico local para diminuir o desconforto do procedimento. Os efeitos colaterais são incomuns e a utilização de uma técnica correta diminui muito o risco. De forma geral, deve-se evitar a repetição de infiltrações de corticoide na mesma região, pois podem contribuir para o enfraquecimento dos tecidos como tendões e ligamentos. Claro que isso deve ser individualizado, mas em geral nós devemos limitar a um número máximo de 3 infiltrações de corticóide para cada região.

Infiltrações com ácido hialurônico:

O ácido hialurônico é um líquido viscoso que tem a propriedade de ‘lubrificar’ temporariamente uma articulação onde existe comprometimento da superfície articular, sendo sua principal indicação nas artroses. O uso desta substância para doenças dos tendões vem sendo utilizada de forma experimental, ainda com muita escassez de evidências científicas.

Infiltrações com PRP (plasma rico em plaquetas):

O PRP é largamente utilizado em todo mundo para o tratamento de tendinopatias de uma forma geral. Em teoria, essa substância seria responsável por estimular a cicatrização na região. Apesar de existirem inúmeros trabalhos estudando seu uso nas epicondilites, os resultados são controversos não sendo possível afirmar de forma conclusiva se realmente geram benefício ao paciente. É relevante acrescentar que as regulamentações acerca do uso do PRP são dinâmicas e também variam de acordo com cada país. Dessa forma, vale a pena conversar com seu médico a respeito das recomendações do CFM (Conselho Federal de Medicina) vigentes na época.

Manipulação com agulha:

Outra opção interessante para o tratamento das epicondilites é o desbridamento tendinoso percutâneo. A literatura médica contém diversos estudos que incluem essa modalidade de tratamento, chegando a mostrar resultados semelhantes ao da cirurgia. A ideia é realizar pequenas abrasões no tendão, com objetivo de criar um tecido sangrante, permitindo assim a chegada de células responsáveis por promover o processo de cicatrização no local.